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Qualidade da matéria-prima, volume de produção, organização dos apicultores e aprimoramento constante dos processos produtivos com cuidados redobrados no manejo, na higiene e no transporte. Esses são atributos que têm atraído o interesse de empresas brasileiras pelo mel produzido na região oeste catarinense, com foco para comercialização no mercado interno e externo.
Exemplo disso vem do município de Nova Itaberaba, onde a Administração Municipal investiu na qualificação do setor de apicultura desde março de 2017 com as consultorias tecnológicas do Sebraetec, programa do Sebrae/SC. Entre os resultados obtidos estão aprimoramento dos processos, ampliação da produtividade, associativismo e acesso a novos mercados.
O trabalho no município tem como objetivo melhorar o processo produtivo e tornar a atividade da apicultura como fonte de renda nas empresas rurais. Essa atividade é desenvolvida há muitos anos em Nova Itaberaba, porém não tinha direcionamento e era considerada apenas como complemento para as famílias. “Essa necessidade foi identificada a partir da realização do programa Negócio Certo Rural. Então, para profissionalizar a atividade buscamos o apoio do Sebrae/SC, pois o intuito é valorizar os apicultores e diversificar as atividades nas propriedades rurais”, relata o prefeito de Nova Itaberaba, Marciano Mauro Pagliarini.
As consultorias tecnológicas, segundo o prefeito, auxiliaram no aumento da produtividade, praticamente imediata, de mel. “Com a inserção de práticas adequadas os apicultores obtiveram resultados e alguns já pretendem transformar a atividade como carro-chefe da propriedade. A contribuição para o movimento econômico do município ainda é pequena, contudo tende a crescer devido ao potencial apresentado. Além disso, com o aprimoramento das técnicas acredito que a atividade merecerá destaque nos próximos anos”, analisa Pagliarini.
CONQUISTAS
O diagnóstico inicial do município apontou que os apicultores produziam em média 12 quilos de mel/caixa/ano, uma produtividade abaixo da média estadual que é de 25 quilos de mel/caixa/ano. Com a qualificação e o comprometimento dos apicultores os índices melhoraram consideravelmente, atingindo neste ano uma média de produção entre 25 a 28 quilos de mel/caixa ano. “Esse é um aumento significativo, pois representa o dobro de produtividade média de caixa por ano. Isso foi possível porque os apicultores ouviram e aplicaram as orientações para adequações na propriedade. Podemos afirmar que o projeto serve de exemplo para os demais municípios”, comemora o consultor credenciado ao Sebrae/SC, Neuri Riboli.
Com o aumento no volume de produção surgiu a necessidade de estruturar a organização dos empresários a partir da Associação de Apicultores de Nova Itaberaba, que está em fase de formação, com ata de fundação elaborada e os trâmites legais encaminhados para requerimento do CNPJ. Pelo associativismo a intenção é consolidar a atividade no município, promover o desenvolvimento dos apicultores e buscar o acesso de novos mercados com venda unificada da matéria-prima.
A combinação desses fatores (aprimoramento da atividade, aumento da produtividade e organização dos apicultores) tornou possível concretizar a entrega de aproximadamente 11 toneladas de mel neste mês de maio para a empresa Supermel, de Maringá (PR) – a maior exportadora do produto no Brasil. No último fim de semana (23 e 24 de maio), ocorreu o carregamento de 38 tambores com 300 quilos de mel cada.
“Acreditamos que em breve faremos mais entregas deste porte, valorizando ainda mais a nossa produção e fazendo com que as propriedades recebam um dinheiro extra. Importante ressaltar que esse volume de mais de 11 toneladas corresponde a 50% da produção deste início de ano, pois o restante os apicultores comercializaram no mercado regional a partir da venda direta”, comemora o prefeito.
Além das 11 toneladas de mel produzidas em Nova Itaberaba a empresa paranaense adquiriu a produção dos municípios de Paial e Cunha Porã. Desta forma, os municípios atendimentos pelos projetos do Sebrae/SC – áreas de abrangência das Gerências Regionais do Oeste e Extremo Oeste – entregaram mais de 17 toneladas dessa matéria-prima com destino ao mercado interno e externo. Para efetivar a venda foi elaborada comissão com integrantes dos três municípios. O quilo do produto foi vendido por R$ 7, o que resultou em um montante de R$ 115 mil, tudo com nota de produtor rural e com pagamento à vista, sendo 50% antecipado e 50% efetuado na entrega.
“O valor do mel apresentou crescimento nos últimos 20 dias, com incremento de 40% a 50% devido à pandemia, que elevou a procura pelo mel brasileiro. Um fator positivo, pois o setor enfrentava dificuldades há dois anos com valores que não reagiam no mercado. Espera-se que para a safra 2020/2021 o preço atinja de 60% a 70% de valorização. Os apicultores estão entusiasmados e pensam em investir cada vez mais para melhorar a qualidade e o número das colmeias”, pondera Riboli.
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
No início do projeto foi elaborado um diagnóstico para identificar os gargalos que impediam o apicultor de ter sucesso em sua atividade. A partir do levantamento foram elencadas as maiores deficiências e desenvolvidos projetos para cada uma das 15 propriedades participantes.
“Pelo projeto são atendidos 15 apicultores, porém em Nova Itaberaba são aproximadamente 30 famílias que trabalham com essa atividade, e também são beneficiadas de maneira indireta ao serem convidadas a participarem dos trabalhos coletivos”, comenta Riboli.
Entre os principais assuntos abordados até o momento estão: melhoramento da infraestrutura do apiário, padronização das colmeias (dos materiais, da troca de favos, da dimensão dos apiários), manejo na alimentação (que pode ser feita a cada 20 dias), sanidade apícola, melhoramento genético e revisão de inverno e de primavera.
Ainda entre as temáticas trabalhadas com os apicultores estão: flora apícola, as principais floradas e como complementar uma florada em período de escassez a exemplo dos meses de baixa temperatura.
MERCADO
Santa Catarina coleciona cinco títulos como Estado produtor do melhor mel do mundo. São 10 mil famílias com 300 mil colmeias que garantem produção de 6.000 toneladas do alimento por ano. Todo esse volume abastece o mercado interno e grande parte é exportada, especialmente para os Estados Unidos e para a Alemanha, o que também coloca o Estado como maior exportador de mel do Brasil.