Ideia da caipirinha em barril expandiu de maneira orgânica
Imagine um obstáculo que você tem para superar nos processos internos de sua empresa, mas que a partir dele pode vislumbrar uma possibilidade de criar um novo produto, e ainda mais, de torná-lo escalável. É um desafio bem interessante, não acha? Pode até parecer impossível, em uma primeira análise, porém é exatamente assim que inicia a trajetória de expansão de uma empresa de Iporã do Oeste, no extremo-oeste catarinense. De uma necessidade, surgiu a oportunidade, que virou um novo negócio de sucesso. Essa empresa criativa participa do Programa Agentes Locais de Inovação (ALI), do Sebrae/SC.
Desde o começo das atividades do Lucky Bar e Bilhar, em 2018, seu drink mais vendido sempre foi a caipirinha. Pela grande demanda de pedidos dessa bebida, a empresária Rafaela Reina identificou alguns desafios, como falta de mão de obra qualificada, padrão na entrega do produto e demora na entrega do pedido. “Mesmo a caipirinha tendo uma receita, sempre sai um pouquinho diferente, às vezes, o limão era mais macerado, em outras era o tamanho diferente da fruta que alterava o sabor. Então, tínhamos um problema de padronização, e por ser um produto artesanal, feito um a um, poderia levar até 40 minutos para ser entregue na mesa do cliente, o que gerava desconfortos”, explica.
A solução, segundo Rafaela, foi de pensar uma estratégia para produzir caipirinha em maior quantidade e servir ao consumidor o mais rápido possível. Nesse processo de inovação, surgiu a ideia da caipirinha em barril. “Desenvolvemos uma receita e fomos aprimorando ao longo do tempo, até atingirmos um resultado positivo. Nos eventos maiores optamos por servir como único drink nossa caipirinha, porque era o mais prático, só precisava colocar gelo no copo e estava pronta. E, isso resultou em uma nova demanda, pois os clientes passaram a solicitar a caipirinha em barril para suas festas particulares”, relembra.
As solicitações para servir em aniversários e casamentos foram aumentando de maneira orgânica. Segundo Rafaela, um convidado via e queria para sua festa também. Desta forma, em pouco tempo a empresa já estava atendendo festas na região e recebendo pedidos de orçamentos para eventos em outros Estados. “Porém, o produto só podia ser comercializado dentro do nosso estabelecimento. Então, buscamos um registro e percebemos que precisávamos adequar muitos itens na estrutura do bar. Paralelo a isso, a ‘Heats Brazil: cachaça de alambique’, observou que estávamos comprando uma quantidade considerável da bebida e entrou em contato para compreender o que fazíamos”, recorda.
Segundo Rafaela, a visita do proprietário da cacharia possibilitou a apresentação do projeto da caipirinha em barril. “Ele entendeu que seria interessante comprar essa ideia e escalar o produto. Isso resultou em uma parceria e uma nova empresa, a Heats Lucky Caipirinha em Barril. Atualmente a fabricação da caipirinha Heats Lucky é feita na cachaçaria, no município de Paraíso. Temos todos os registros e desde setembro de 2023 podemos comercializá-la em qualquer lugar do Brasil. Entregamos barris para festas maiores, de aniversários, casamentos, de comunidade, em feiras e também abrimos pontos em bares e restaurantes. Hoje temos mais de 30 parceiros, entre bares, restaurantes, mercados, lojas de conveniência e distribuidores”, comemora a empreendedora.
Com a expansão da atividade e a observação do mercado, Rafaela identificou mais uma oportunidade. “Percebemos que muitos bares e restaurantes estavam comercializando a caipirinha em embalagens maiores do que um copo. Os clientes traziam litros com a intenção de levar e saborear a bebida em casa. Então, surgiu a ideia de disponibilizar a caipirinha em garrafas pet de um litro para atender esse consumidor final”, destaca Rafaela.
DIFERENCIAIS
Rafaela realça que o produto não contém conservantes, apenas ingredientes naturais (cachaça de alambique, limão, açúcar e água). “Nossa receita permanece a mesma, só foi adaptada para uma escala maior, então, preserva as características de uma caipirinha feita na hora”, argumenta. Outro fato interessante é que a empresa prioriza a aquisição de limões de produtores rurais da região, principalmente daqueles que não utilizam agrotóxico. “Temos um plantio de limão, mas que ainda não está produzindo. Nossa intenção é colher a quantidade necessária para atender a demanda da caipirinha”, antecipa.
PRODUÇÃO
Antes de registrar o produto, o bar comercializava aproximadamente 30 litros mensais de caipirinha, demanda que podia atingir até 80 litros, com a produção para eventos. “Espremíamos tudo manualmente, no início era de 80 a 100 quilos de limão por mês. Quando começamos a expandir a ideia e os pontos de venda, passamos para 300 a 500 quilos por mês. Para acompanhar essa produção compramos uma máquina industrial. Com o lançamento da versão pet, no mês de junho deste ano, precisamos de 600 quilos de limão por semana (2.400 quilos por mês) para uma produção de caipirinha de 3.600 litros mensais”, explica a empreendedora.
SUPORTE PARA EMPREENDER
Rafaela recorda que a empresa participou do Programa ALI do Sebrae/SC antes de iniciar a expansão da produção de caipirinha. As consultorias gratuitas tiveram como ênfase ajustes nos processos internos, adaptação de checklist e gestão do negócio. “Trabalhamos em parceria com nossos colaboradores, buscamos estabelecer uma amizade entre a equipe, porém, na época, percebemos que em alguns momentos, essa postura estava nos prejudicando. Então, um dos pontos foi de equilibrar a amizade, as responsabilidades e o profissionalismo durante o expediente de trabalho”, explica.
Segundo a empreendedora, outra contribuição do Programa ALI foi de aprimorar a liderança. “Eu e meu sócio Cristiano Marcon estávamos muito limitados com o operacional da empresa, tínhamos dificuldade de sair para fazer eventos e de delegar funções para nossa equipe. Prova disso, que em cinco anos de bar tiramos alguns dias de férias apenas duas vezes. Com o ALI entendemos que precisávamos de uma boa gestão e liderança sólida para que pudéssemos embarcar em um novo projeto. Acredito que o Sebrae/SC contribuiu para abrir nossos olhos, na necessidade de delegar funções operacionais e de confiar na equipe para nos dedicar ao estratégico”, analisa.
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